Na iminência entre o abismo e o bem-estar,
Qualquer desconforto consegue me derrubar.
Os pedaços da alma insistem em se fragmentar,
Talhando, assim, a chance de recomeçar.
"O amanhã será diferente", me pego a pensar;
Mas, ao amanhecer, torno a falhar.
Estou sempre tentando me reconstruir;
Meu castelo de areia vive a ruir.
Minhas lágrimas partem direto ao coração,
Pois dos olhos não saem mais.
Sinto, ao mesmo tempo, a pior emoção:
De me encontrar? Jamais!
Com sorrisos, tento disfarçar,
Alguma parte da minha alma há de se renovar.
Busco alternativas para me entreter,
Pois pensar cansa e chega a doer.
O anjo não consegue mais se comunicar;
Tem sido assim há tantos anos.
A luz que antes podia me iluminar,
Apagou-se, destruindo meus planos.
Esses desejos que um dia estiveram aqui
Foram, tempo a tempo, enterrados.
Minha mente sempre rebobina o seu partir,
Pois essa ação deixou meus ombros pesados.
Por isso, qualquer desconforto consegue abalar.
A água quente não consegue mais limpar,
Tampouco relaxar.
Coração que bate pesado,
Cansa,
Para de andar,
E não sai mais do lugar.
Igor Gonçalves