Minha mente quando fecho os olhos insinua
A chegada de um terremoto e tudo treme.
Não adormeço e o barulho continua,
A noite me engole, mas nunca me vence.
O travesseiro é um palco de sombras
Onde o sono se finge de abrigo.
Mas logo me empurra pra fendas profundas,
Me afoga em pesadelos que gritam comigo.
O tempo se dobra em um laço apertado,
Os minutos rastejam sem rumo.
Me viro na cama, prendo o fôlego,
Mas o silêncio me cospe de volta ao escuro.
Adormeço, por fim, sem força, sem luta,
Mas o sono é um algoz traiçoeiro.
Me acorda rasgado, sem ar e sem fuga,
Com o peito batendo um medo inteiro.
A cada cochilo, o inferno retorna,
Em cenários que nunca escolhi.
Acordo ofegante, perdido no quarto,
Sem saber se dormi ou morri.
Meus olhos ardem, queimando em cinzas,
Meu corpo suplica por trégua.
Mas tudo que ganho são horas vazias
E um ciclo que nunca encerra.
O relógio debocha em seus ponteiros lentos,
Desenhando meu cansaço no tempo.
Cada piscada é um salto no abismo,
Cada sonho, um novo tormento.
Me encolho nas cobertas como se fossem muralhas,
Mas nada detém a tormenta.
O escuro transborda, me puxa pra dentro,
E o medo rasteja, frio como serra.
E quando o sol enfim toca minha pele,
Sinto a luz como ferro em brasa.
O mundo desperta, mas eu, despedaço,
Carregando a noite no rosto e na alma.
Já nem sei se é pior não dormir ou sonhar,
Se o dia é refúgio ou sentença.
Mas sei que ao anoitecer, sem escolha,
Voltarei a ser presa do próprio tormento.
Igor Gonçalves
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Viver é muito mais do que encontrar conceitos, belas frases. E nesse pequeno discurso cheio de erros de concordância e rimas toscas, tento dizer que o essencial não é visível aos seus olhos