A noite cai, mas eu não.
Viro para um lado, depois para o outro,
o travesseiro é áspero, o lençol pesa,
meu próprio corpo me incomoda.
A escuridão me convida ao descanso,
mas minha mente nunca aceita.
Fico ali, entre os lençóis e os pensamentos,
num lugar onde não há repouso.
A casa está quieta, o mundo dorme,
mas eu continuo acordado,
como um intruso na própria cama,
sem encontrar um canto para existir.
Depois de tanto lutar contra a noite,
meus olhos finalmente cedem.
O corpo se rende, afunda no colchão,
e, por um instante, acho que encontrei descanso.
Mas o sono não é abrigo.
Ele me engole como águas profundas,
onde o ar falta, onde o medo cresce,
onde velhos fantasmas ainda sabem meu nome.
Corro sem sair do lugar,
grito sem voz,
sou prisioneiro de um sonho que não me pertence.
E então acordo.
Ofegante, suado, exausto.
Quase pior do que antes de dormir.
Talvez seja melhor ficar acordado.
Talvez o verdadeiro descanso
seja apenas uma ilusão.
Igor Gonçalves
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Viver é muito mais do que encontrar conceitos, belas frases. E nesse pequeno discurso cheio de erros de concordância e rimas toscas, tento dizer que o essencial não é visível aos seus olhos