quarta-feira, 19 de março de 2025

O peso da noite

A noite cai, mas eu não.

Viro para um lado, depois para o outro,

o travesseiro é áspero, o lençol pesa,

meu próprio corpo me incomoda.

A escuridão me convida ao descanso,

mas minha mente nunca aceita.

Fico ali, entre os lençóis e os pensamentos,

num lugar onde não há repouso.

A casa está quieta, o mundo dorme,

mas eu continuo acordado,

como um intruso na própria cama,

sem encontrar um canto para existir.

Depois de tanto lutar contra a noite,

meus olhos finalmente cedem.

O corpo se rende, afunda no colchão,

e, por um instante, acho que encontrei descanso.

Mas o sono não é abrigo.

Ele me engole como águas profundas,

onde o ar falta, onde o medo cresce,

onde velhos fantasmas ainda sabem meu nome.

Corro sem sair do lugar,

grito sem voz,

sou prisioneiro de um sonho que não me pertence.

E então acordo.

Ofegante, suado, exausto.

Quase pior do que antes de dormir.

Talvez seja melhor ficar acordado.

Talvez o verdadeiro descanso

seja apenas uma ilusão.

Igor Gonçalves

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Viver é muito mais do que encontrar conceitos, belas frases. E nesse pequeno discurso cheio de erros de concordância e rimas toscas, tento dizer que o essencial não é visível aos seus olhos