sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Azul

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Estou andando num território desconhecido. Esfrego os olhos em busca de uma tentativa de compreender o estranho lugar em que me encontro. Está tudo tão distorcido que não consigo identificar o local.
Busco na memória algum fato que me faça lembrar de tal ambiente, mas nada vem na memória. Procuro tocar em alguma coisa na tentativa de ter uma sensação conhecida de toque ou sentimento, mas continuo com nada.
Chego a conclusão que este local é proibido sentir. Aqui não há terra, mar ou sol. É um vazio materializado, onde não há nada para sentir.

Procuro insistentemente por alguma porta de saída, na ânsia de encontrar algo conhecido para me sentir melhor, mas quanto mais procuro, mais me perco no local vazio onde não encontro explicações para decifrá-lo. O vazio em que me encontro, não só me assusta como também me desespera. Não sei para onde devo correr e muito menos onde ficar, sinto-me limitado por tudo.
Tenho dificuldade em lidar com vazio, pois nunca havia estado nele e pelo o que sei é humanamente impossível saber respostas quando tudo está ao nada.

Aliás, mesmo sendo vazio, é um vazio incompleto. Parece que o meu mundo de nada falta algo.
É um sentir medíocre onde há possibilidades cruas, um desespero infinitamente tolerável.
Nesse vazio estou acompanhado de algo até, a melancolia. É ela que me acompanha nesse local de estranhas aparências. É ela que me consome por inteiro, agarra-se ao meu corpo com unhas e dentes e não se solta nunca. Ah! Maldita melancolia egoísta, querer-me tanto assim é fato de que nesse mundo onde todos são diferentes, uma coisinha de afinidade é motivo para todos sermos iguais... E a melancolia invade o meu corpo e sente-se em casa.

Eu sou o nada, entreguei-me a essa condição por simples vontade do cansaço. O tudo me contaminava, o amor me feria e as pessoas, Ah! As pessoas continuam as mesmas tolas de sempre.

- Melancolia, sabia que você desperta o que há de pior em mim? Sabia que em todos os meus fracassos é você que me contagia com sua infinita tristeza?

– Você já me fez mal demais, já destruiu tudo que poderia. Deixou-me sozinho no escuro... Olha só para você, é isso o que você quer? Se deixar levar por um esquecimento preguiçoso, um esquecimento que não se importa mais com você... E sabe, conseqüentemente isso tudo que você tem feito diz respeito também a mim.
- E eu – acrescentei – Eu quero ser feliz.

A melancolia apenas virou a face e me disse numa voz suave e fria:
- É simples, você não vai ser feliz.

As palavras caíram como uma bomba em minha mente, voltei a dormir. Único remédio para uma alma de quem dorme em demasia para fugir da ausência. Da ausência de tudo e de si mesmo.

Igor Gonçalves.

Um comentário:

  1. Nossa belissimo texto como sempre neh Igor,Sempre venho aki e cada vez me surpreendo mais com seu talento de escrever.
    parabens...Cpmte sempre comigo,sempre estarei por aki.Bjusss

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Viver é muito mais do que encontrar conceitos, belas frases. E nesse pequeno discurso cheio de erros de concordância e rimas toscas, tento dizer que o essencial não é visível aos seus olhos