sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Coração queimando em preto

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O espelho me diz: ‘Você está sofrendo e eu posso ver a dor em seus olhos. Acha que todos estão mudando e você não sente o mesmo’

Eu perdi meu coração, não sei onde ele está. Era para ele ser de alguém, mas minha mente não consegue identificar ao certo se ele ainda existe. Talvez meu coração esteja enterrado abaixo do mar, num local bem profundo, onde ninguém pode chegar.
A vida está ficando cada vez mais incerta e eu estou ficando velho e não tenho uma pessoa para confiar, uma pessoa para amar... O espelho diz todas as verdades possíveis e sem medo de magoar. Eu não quero acreditar no espelho, mas ele me magoa tanto. Nele eu vejo a face de alguém cansado de sofrer, vejo a face de um menino com os olhos de homem. Um menino que está perdendo a vontade de sonhar se escondendo em sua própria escuridão onde nada parece ter fim, onde não há cura.

Não sei onde estou, queria ser achado e ser salvo. A vida é uma ilha deserta, onde estou sobrevivendo apenas a mim mesmo. Muitas vezes eu chorei, e ainda continuo sozinho. Seria a vida algo de extrema ingratidão? Não sei. Apenas queria seguir o conselho e deixar a chuva da vida me molhar, mas ao mesmo tempo em que saio para a vida, eu me sinto tão sem forças parar reagir, preciso de algo para me recarregar.

É de se espantar que eu me sinta triste quando estou feliz? É de se espantar que eu chore sozinho num quarto escuro, muitas vezes pedindo para tempos melhores. O tempo de hoje é uma guerra, onde o sofrimento de minha mente não consegue ser derrotado. Estaria eu numa guerra interna comigo mesmo?
Eu estou sumindo, e sei que tudo está errado, oh, por favor, me coloque no lugar que eu pertenço... Por favor!

Essa noite eu sonhei que estava me afogando num rio profundo, e nesse rio a correnteza me puxava para o fundo e nesse momento eu percebi que não tinha nada. Se eu não escapasse daquele rio, eu não iria deixar saudades alguma. Ninguém notaria, ninguém iria perceber a falta. O sonho parecia real demais para eu me sentir e pensar coisas desse jeito. Sei que não é verdade, mas os pensamentos de alivio vieram rapidamente e eu não sei por que...

Tudo o que eu tinha nesse sonho era meu próprio corpo e mais nada, era apenas eu me afogando e deixando o mundo. Quando enfim, me dei por vencido eu vi um rosto me olhando e esse rosto era tão sereno, tão calmo que eu me aproximei cada vez desse rosto. Peguei em suas mãos e chorei, chorei até cansar... Porque eu vi meu passado em suas mãos e vi meu futuro em suas costas.
Todos os pedaços de meus sonhos quebrados estavam lá, e eu vi que se eu os juntasse de volta, com muita organização e esperança, poderia enfim ficar bem... Mas isso é uma tarefa tão difícil para alguém tão desmotivado como eu.

Ás vezes nos apegamos a um amor, da mesma forma que uma borboleta se apega ao pólen de uma linda flor. O pólen da flor sempre acaba, assim como esse amor que nos apegamos. E essa borboleta precisa de uma nova flor para sugar pólen, mas como ela sobreviverá se não consegue encontrar outra flor para suprir sua necessidade de viver? A vida ás vezes é semelhante a natureza, basta ficar parado e olhar longe, que saberemos enxergar a verdadeira conexão que há entre nós.


Quando menos esperei, acordei em minha cama com a brisa suave em meu rosto. Estava tremendo e não me sentia ‘cego’. Sentia-me vivo, apesar de estar praticamente morto por dentro.
Não há nada em meu caminho, e quando eu me acordo penso que é só mais um dia... Só mais um dia.

Já me dizia a música, ‘até que para uma alma solitária... Você vive bons momentos. ’


e quando eu menos esperar, saberei se estou pronto para você...



Igor Gonçalves

Um comentário:

  1. Que coisa mais linda! Meu Deus, você traduziu tudo que eu sinto, sem mais. Muito lindo, parabéns ;)

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Viver é muito mais do que encontrar conceitos, belas frases. E nesse pequeno discurso cheio de erros de concordância e rimas toscas, tento dizer que o essencial não é visível aos seus olhos