quinta-feira, 14 de março de 2013

Um abstrato clareado




Deixei o passado lá fora
Ele desbotou
Sei que já passou da hora
Meu choro enfim secou

Os segundos são irrelevantes
Eu já nem sei onde estou
Faltam palavras
Mas está tudo na ponta da língua.

Há uma luz em um novo coração
Uma estrela que risca meu céu
Enuvia meu dia e faz a noite desaparecer
Some e aparece o que não consigo entender.

Sinto saudades
Mas ela bate em minha ferida
Sangrando no alto de uma escada
Corro para baixo querendo de volta minha vida.

No entanto sou engolido
A fúria dos céus é um perigo
Penso imediatamente em desistir
Escrevo lentamente para poder me corrigir.

Ai, eu não sei mais o falar
Sinto que não há maneiras novas de lidar
Eu não quero tentar me escravizar
Prendi-me sozinho e não consigo mais se soltar.

E o que eu sempre prometi
Não consegui
Não tentei
Não quis
Não planejei
Errei.

Exilado estou
No escuro meu olho acostumou
Qualquer ponto de luz é motivo para me chamar atenção.

À propósito, você é meu claro na ausência de luz.


Igor Gonçalves