domingo, 16 de fevereiro de 2020

Movido a vapor



Tormento bucólico 
Lamento clichê do amor 
Achar que é dulcícola
Cai ferido em mais um dissabor.

A peça mais nova do ator 
Resume a teimosia de sua paixão 
Já são 11h15 e ainda é escuridão.

Fazer mais é viver menos 
Acelerar mais e não olhar o retrovisor 
Deixar parado e fugir 
É ar o frio seco dessa cor. 

A vida prega um prego que não vai mais sair
Escuto de longe, não posso dormir 
O doce e sereno frio da rua 
É tão distante como morar na Lua.

Estou sem pressa e não posso mais sair daqui 
Em todos os esgotos tive que ir 
Mas os desgostos que engoli 
Digeriram aquilo que senti.

Tampouco me apresso 
A sombra me enegrece 
Quero romper o processo 
Essa é minha prece.

Igor Gonçalves (02/2020)