segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Partido

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Quem sabe de mim esqueceu
Sabem de tudo que eu não sei
Talvez o que eu tanto prezo morreu
Sobrou apenas o partido de algo que herdei.

Corri para todos os cantos
Percorri todas as palavras pronunciadas
Os solos de guitarra me fazem triste
Fazem-me lembrar de alguém que não existe.

Vem o pássaro negro à janela
Seu grito parece tão distante
Perto de mim agoniza a voz cantante
Do fogo que se apagou como vela.

São sonhos que queimam
Noites que deliram
Enquanto o destino ri e suspira
A verdade tornou-se ideia fixa.

Não quis acreditar
Só que não aguentei e caí na real
Chorei demais por não saber
Partido fez estrago no meu peito.

A estrada possui um ar solitário
Coloco sentimentos no amado sacrário
Condições não foram suficientes
Lidar com tudo é intransigente.

Estou de atalaia no movimento
Penso que de mim tu não conheces
Peço tanto e ninguém ouve minhas preces...
Ai Deus, ouve-me logo!

Visitando e tentando
Não adianta tentar mudar
Quando tudo para trás ficou.

‘Não ouse desistir de tudo o que você sonhou’

É tarde demais para voltar atrás
Eu nunca soube dizer adeus
Eu nunca atuei contra o sentimento de perder
Como faço para lidar com algo que não sei escolher?

É olhando para frente que o caminho é difícil
Olhando para trás é saudoso
Meu espelho quebrou-se e tentei ser o que não sou
Não sei o que falar, já escrevi tanto para desvendar.
É demais encarar as maldosas multidões
Ela se funde aos medos das minhas terríveis maldições
Transforma tudo em paredes encostadas
Deixa-me minha mente achando-se desgraçada.

Meu jardim está inculto
Falar de amor tornou-se insulto
Eu tentei fugir pulando os muros
Não deu certo e gritei em apuros!

Oh! Meu mundo é um porão vazio
Não há hóspedes, pois o quarto é muito frio
A porta de entrada é algo indiscreto
Interiormente não passa de um abrigo sem teto.

Igor Gonçalves




quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Meu eu

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Queria tanto voltar para casa e poder sentir o que eu sempre quis. Às vezes me pego na vontade de viver todos os sentimentos misturados e como em uma descarga de energia poderosa eu deixo de alçar voos aos céus.

Fico aqui chovendo em secas que jamais poderei tocar.

Conflitos perpassam minha mente. Não sou eu ao mesmo tempo em que me tenho. Não controlo, não sou. Não sinto. É o meu pior lado. Me pega sem devaneios, me destrói e vai embora. Ele sempre volta. O que sou eu?

Às vezes eu só preciso pensar. O turbilhão de coisas que surgem é fantástico. Quanto mais penso, mais probabilidades culposas aparecem. É devastador.
Na epiderme de mim mesmo mal me reconheço no espelho, os olhos fundos dão vazão a pensamentos que mal posso controlar. A caneta em minha mente redige poderosas palavras que ao colidir contra o que eu sou, causam explosões de conflitos no âmago do ser.

Vem de longe e ao mesmo tempo parece tão perto... Eu sou o acidente!

Então observo a porta. A mesma porta que parece trancada no fundo d'alma minha. A mesma maldita porta, que toma proporções que não deveria tomar. Por que essa porta é tão grande, em um quarto tão vazio? Nem mesmo minhas angústias cabem nesse quarto, mas por que a porta é tão forte? Com esse ar de insistente, como quem não abre mão de uma obrigação. Alguém que não muda de ideia, ela nunca abre.

Outrora pude perceber que batalhas sangrentas contra um fantasma que deixou de existir e sempre reaparece em minhas mais profundas angústias, são os momentos fatais que a solução misturada ao sentimento da memória revivem intempestivamente no verdadeiro e real significado do romance perdido. Por outro lado, minha porta nunca se fechou... No entanto, nunca se abriu para o mundo.

É como um isolamento automático. Uma defesa que meu próprio ser criou contra as maldades do mundo. Ao mesmo tempo, o que faço é uma automutilação. Sangro, e ninguém vê. Ninguém entende muito menos sente. Eu e meu próprio ser caímos em um abismo intermitente, no qual não há fim. É necessário que eu quebre essa armadura de espinhos. É necessário respirar outros ares, sentir o cheiro e gosto de outras pessoas. Estou me desgastando, como a velha pintura emoldurada em uma parede sem graça. Ninguém ao menos repara, mas ela está lá.

Caio no submundo sem constelações para me guiar e quando menos espero tudo fica escuro cegando-me pelos raios esporádicos que as descargas elétricas causadas pela mistura de emoções me causam.  Pedaços de memórias queimam minha garganta e nem falar consigo, reviver me dói. Juro que jamais quis ir para esse caminho, tampouco ser mais um capitulo mal escrito no seu conto de fadas.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Subvertendo a equação da emoção

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E sabe aquela sensação de estar preso? O chão queima meus pés e não consigo pular para um abrigo. A vontade de tudo se foi, e não é agora que isso ocorre de maneira acentuada, isso vem arrastando minha vida a meses e muitas vezes gostaria de entender como que um jovem como eu não reage a nada.
Estou sem sentidos e não tenho controle do meu corpo, da minha mente e das minhas atitudes. O que vejo em mim é eu cometer atitudes que não condizem com o meu real desejo, eu olho de lá de dentro e lamento que todos os eventos que me levaram a estar aqui no escuro sozinho escrevendo algumas palavras de um texto mal pontuado. O que há comigo? Para onde foi minha vontade de viver? De sorrir? De tudo? Não! A vontade existe, no entanto, na hora de realizar o ato nada ocorre.
Meu coração fica magoado
Meu cérebro cansado de pensar
O que é o conforto? Alguém me mostra! Pelo amor de Deus!
Eu tento dormir para esquecer, mas meus sonhos revelam o que fujo.

Eu jurei e dei minha palavra
O que é essa força que me trouxe para o chão?
Eu jamais menti sobre o que eu sentia
De forma desnaturada tudo explodiu cegando meus olhos.

Meu telefone já não toca mais da mesma maneira
As palavras antes de dita não passam de memórias derradeiras
Ouvi dizer que a flor que murcha ao anoitecer
Não consegue jamais conseguir a viver.

E tento perceber que não há glórias furtadas
As maldades foram feitas e o mal venceu
Conseguiu driblar o que um garoto apaixonado prometeu
Atropelando seu coração e o deixando com várias marcas.

Dói demais viver assim e minha paz precisa se encontrada, estou em constante busca do seu paradeiro. Assim não vivo, não faço nada e empaco na minha vida! Não posso deixar isso me destruir, por pior que tenha sido o dano que isso causou na minha existência.

Existência trincada subverteu meu romance
O abismo sentiu minha presença
Levou embora a fé que sempre esteve o meu alcance
Aceitou que o elevador não sobe; só despenca.

Deixa eu viver.

Igor Gonçalves

 



sábado, 1 de dezembro de 2012

Cão Negro


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Obrigado por refrescar minha memória
Eu não preciso de você em meu caminho
Sua presença mancha com sangue minha história
Odeio seu jeito estúpido de me amar.

Nunca quis você em minha vida
Apareceu e tomou conta dos dias
Só que não há o que fazer
Quando você age eu caio no chão querendo morrer.

Você faz o som da morte
De longe incendeia minha existência
É a obsessão do destino na falta de sorte
Chora baixo, destrói impiedosamente minha paciência.

Abre meus olhos para lagrimar
Nunca teve a capacidade de me amar
E agora me deixa sozinho nesse mundo infernal
Onde os anjos são demônios e o riso vira fato anormal.

Você me faz querer morrer
Deixa-me hipócrita
Vá embora, não volte nunca mais!

Despreze-me apenas.

Igor Gonçalves



fonte: o motivo de tudo