Mãos que carregam o limbo
Reerguem o que quis arrefecer
Esse mundo de lodo ora caos, ora lindo
É a presa fácil do que quer me adoecer.
O peito estourado é um babel
Dispersa vários ruídos dissonantes
Vem ventania que corta como cinzel
Todos esses agridoces instantes.
Por fora aparentar a maior fortaleza
Por dentro se aguentar como anjo sem asas
Que de tanto voar sem rumo perdeu leveza
E caiu perdido nesse monte de estradas.
Em minha tentativa de viver o romance
Falhei ao colocá-lo como ator principal
Do filme da vida cheio de nuance
Que se confunde com meu ideal.
Uma ferramenta que pode me levar onde for
Mas que não é indispensável
Sem antes conhecer meu amor
Aquele próprio que fiz anulável.
Ecoa em meu peito uma vontade insaciavel
De reverberar por mim uma força motriz
Capaz de me tirar do abismo que criei
Inundar meus versos em algo que não sei.
Mas tento conceituar
Os olhos de outrora não vieram me resgatar
Os meus abertos não conseguem reconhecer
Que mundo é esse sem você?
Criei algo tão forte
Tão prematuro
Eu relaxei
Sem estar seguro.
A chuva logo vem
Que medo é esse?
Perdi a fé em tudo
Não há interesse.
E logo no escuro
Estou distraído
Sou logo consumido
Sou destruído.
Palavras já não podem me derrotar
Quem é que vai ocupar
O seu lugar?
Já faz tempo em que conheci
E não aprendi
Aquilo faz insistir
Mas por pouco tempo nos faz sorrir.
A felicidade é curta
Nossa voz é muda
Alguém me escuta
Meu coração parou.
Igor Gonçalves