quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Assim como Eleanor Rigby

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Nunca creditei beleza a paisagens naturais e preferi por muitas vezes me calar para o mundo em que vivia. Hoje me encontro num divisor de estradas, saio do carro guiado pelos comandantes e passo a guiar meus próprios passos, a pé.

Andarei por ruas que nem mesmo tive a imaginação de fantasiar e o caminho é imensuravelmente restrito a minha alma.  O que procuro é simplesmente não parar de procurar, pois com a face sisuda escrevo as linhas e parágrafos da minha história que é narrada por um jovem viajante que fala sozinho, esperando ser ouvido por alguém que lhe compreenda e o queira infindavelmente num mundo compartilhado.

Correr é inútil, pois estaria parafraseando todos os fracassos que um dia cometi. Não quero viver com frases de efeito, que retratam uma vida que nunca foi vivida. É assim que tem que ser, ao menos para mim, eu devo escrever todas as letras dessa minha história que talvez não tenha final feliz permanente, pois é impossível eu cravar um destino e esperar que ele aconteça de forma radiadora como se fosse um ‘spoiler’ de uma vida real...

Minha poesia nunca foi feita para ser levada a sério, pois começou de acontecimentos sinuosos e de tanto escrever, acabei me perdendo em algum dos meus versos exagerados e assim fantasiando para outras pessoas sentimentos que não eram lá reais e poderosos... Minha palavra é poderosa e minha ação é simplesmente inerte a realidade.
  
Perco muito tempo pensando e deixo meu destino ser tocado pelo acaso, mas para uma pessoa como eu, que gosta de ter tudo ao controle, isso é tamanha besteira... Afinal, acasos não ocorrem frequentemente e viver a esperá-los e atrasar momentos que poderiam fazer-me maior e deixar essa imensidão de gelo que bombeia meu coração fazendo me pronunciar, pensar e cometer atos de grande vazio.

Olho ao espelho e me deparo com dificuldades. Em cada parte do meu rosto há uma questão a ser respondida e quando começo a tentar responde-las acabo por pensar que todos os meus sonhos são intangíveis demais para serem alcançados pelo cara que reflete esse espelho... A verdade é que me sinto fraco e vejo algumas coisas que acabam por me enfraquecer como um aparelho sem carga que aos poucos vai perdendo funções e parando de funcionar.

Acreditei em coisas distantes e hoje todos esses sentimentos que foram levados a sério estão distanciando cada vez mais de mim, mas não consigo entristecer-me com esses fatos. Seria eu um homem que não chora mais? Estou tomado por um sentimento de despreocupação que me faz não querer acreditar e falar com pessoas... Estou farto delas e posso citar que em sua grande maioria, todas não passam de seres que acham que podem controlar tudo e se acham donos da verdade, quando quem olha de fora apenas percebe o quão desprotegidas elas são. Como um louco numa guerra atirando com sua mão, achando que possuí o mais forte armamento... É assim que eu vejo as pessoas.

Isso me deixa num mar de dúvidas, pois ninguém precisa de mim e eu não preciso de ninguém e isso me faz pensar o que eu faço aqui... É doloroso admitir, mas me sinto sozinho.

Igor Gonçalves


terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Jogos Mentais

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Vão te fazer sentir-se pequeno
Quando você for esperto irão te derrubar
Quando for idiota irão te menosprezar
E os jogos que lhe sucedem só irão lhe fazer parar...
Parar é objetivo, por que o movimento é proibido.
Todos vão querer te imobilizar
Prender-te a correntes como um animal
Impedirão você de ser um herói
E tudo o que você precisa não é fugir, nem chorar
Você tem é que lutar
A vida está aí                      
Para erguer ou lhe enterrar.





Igor Gonçalves

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O som do silêncio

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Eu sei que a escuridão
Percorre suavemente todos meus pensamentos
E que conversa comigo sem me ouvir
Diz verdades que não quero admitir.

Recebo todas as palavras que ela pode me ensinar
Recebo todos os braços que ela insiste em estender
Mas quando o som do silêncio começa a incomodar
Eu consigo relutar o que não posso perceber.

De repente todos meus medos
Caíram como gotas pesadas de chuva
Ecoaram no poço mental que eles criaram
E todos se curvaram perante ao lado da dor que admiravam.

Quando todas as palavras se formam
Uma faísca acende uma lamparina
Iluminando a escuridão que parecia infinita
Percorrendo travessias longas e vazias.

O ar se formou enchendo meu peito
Não mais do que tudo isso.
O necessário para sobreviver,
Embora não seja o suficiente para viver.

Igor Gonçalves

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Joe DiMaggio

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Olhe ao seu redor senhor DiMaggio
És um homem afortunado
Não adianta chorar
O que vem sempre um dia será buscado.

Mas não fique assim senhor DiMaggio
O céu guardou um lugar para o seu amor
E não vale a pena preservar esses olhos solitários
Fruto de quem amou eternamente sem o mínimo pudor.

As luzes de casa estão acesas
A tevê está passando algumas notícias
E a rosa que ela deixou já murchou
E eu sei que sua lágrima cai porque acabou.

senhor DiMaggio toda vez que estiver em apuros
Ela estará lá para o senhor
E ela o ama mais do que você imagina
Portanto, não chore.
Sua história é a mais bela já escrita.

Ah, senhor DiMaggio.
Tente sorrir
Estão todos de olho no senhor
Não vá nos decepcionar!

Entendemos sua dor
Tantos anos com aquele conforto
E de repetente tudo ficou diferente
Embora, ela ainda o ame mais do que nunca...

É apenas um segredinho entre nós senhor DiMaggio
Ela me contou que o ama mais do que tudo...
É apenas isso é um motivo para sorrir, ela não partiu...
Apenas foi morar em seu coração eternamente.

E eu sei que uma nação inteira é incapaz de entender
O amor que vocês cultivaram por décadas
Não pode simplesmente se esconder
Através de mortes que a vida prega.

Não chore mais senhor DiMaggio
Eu sei que você pode fazer o melhor
E todos precisam de você...

Não fique assim senhor DiMaggio.

Igor Gonçalves

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Ideias massacradas





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Entristeço-me. Penso nas mais variadas hipóteses e o que encontro é apenas o mistério, a complicação.
Punhados de palavras não são capazes de fazer nada e as minhas acabam sendo encobertas por uma chuva de frieza, uma chuva que vem de um lugar distante, mas que chega a mim com uma tremenda intensidade. Não posso segurar, entristeço-me outra vez.

Sentimentos massacrados são os mais difíceis de lidar, pois eles estão ali... Deitados ao chão frio, humilhados por terem falhado no que mais apreciavam em sentir. Ideias enterradas com um simples silêncio alheio me fazem sair em busca de pensamentos novos, que por muitas vezes não conseguem compreender-me e acabo a mercê de ideias dos quais não me identifico.

Eu não consigo sentir a luz do sol e talvez seja por isso que meu coração esteja tão frio. Os raios não conseguem perfurar essa barreira que foi criada e programada com equações matemáticas tão complexas, que simplesmente e metaforicamente falando... Eu perdi a chave do meu coração.

O meu céu está turvo e estou preso nessa água cinzenta, estou me afogando e não consigo sair.
E assim passo a assistir minha vida através de olhos desconhecidos, nenhuma mudança concreta... Não sei o que o real, não sei de nada.

Igor Gonçalves