quarta-feira, 9 de março de 2011

Pensamentos que derretem a razão

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Sob minha visão o dia se descortina
Uivando pelo silêncio mais profundo
Recordo rapidamente a desilusão do mundo
Aos seus braços fujo, encontro... Calmaria.

Num mundo onde tons violáceos se mesclam
Com a névoa branca dos atrasados
Fujo e resumo como as coisas se desinteressam
Seguidos por um longo e gostoso abraço.

Observando seu rosto todo perfilado na memória
Serena beleza encaixa-se a paz do seu sorriso
De emoções frias e desconsoladas, somente as minhas.
De emoções ricas e confortantes, somente as suas.

No breu da noite, me pego pensando em você.
A falta de paz que enche todos os ventrículos
É retirada quando estou ao seu lado, abraçado.
Bem juntinho, esqueço-me do mundo e foco-me em seu carinho.

A névoa ressurge nos períodos solitários
Revela-me um buraco no lugar do Céu de estrelas
Sozinho sou a escuridão de todas as letras do abecedário
Perto de você sou a claridade esquecida das mazelas.

Em minha mente soturna e lacrimosa
Despejo todas as palavras caladas
Mas hoje não quero isso, quero lhe admirar.
A imagem em minha mente, que não quer sair.
Que não quer me deixar!

Então, não vou me prolongar.
Nem mesmo sei por quais palavras caminhar
Mas com você consumindo minha visão
Só sei que em todas as manhãs, já tenho uma razão... Para sorrir.

Você me faz feliz
De um jeito que sempre quis
Faço de conta que não tenho mais cicatriz...

Emudeço só de pensar.
Como você consegue me fazer ir tão além?
Preenchendo todos os espaços que minha mente em branco possui
Num traçado lindo e direto que só você tem.

Igor Gonçalves

sexta-feira, 4 de março de 2011

Arte memorizada

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Memorizei o momento e cravei na biblioteca da memória a sensação inigualável que é ser envolto aos seus braços. A segurança, a paz e até mesmo o conforto fazem-me vir aqui passear entre as palavras, a fim de expressar o quão bem você consegue me fazer.

A luz que teima em encontrar todas as minhas manhãs é assemelhada ao seu poder de ouvir e dizer com simples palavras coisas óbvias, que às vezes tenho tamanha dificuldade em enxergar. Já lhe disse, o silêncio entre nós só é importante quando é revestido por um longo abraço.

No entanto, é extremamente dificultoso pensar que você com esse jeito alegre e sutilmente irônico poderia transformar minhas gélidas manhãs em quentes e reconfortantes momentos. 

Você devia estar aqui para assistir minhas memórias, o quão interessante é pensar em você, pois meu cérebro numa descarga elétrica transforma sua imagem em felicidade e paz. É automático e intuitivo, me inspira e faz querer mais e mais.
Abraços, que incrivelmente são meus e encantadoramente espontâneos.


quarta-feira, 2 de março de 2011

Vivendo na pele

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Minha memória está se perdendo, já não sabe mais desenhar imagens que são de importância mútua. A biblioteca da minha memória está faltando livros de todos os títulos possíveis e não há romances.
Está tudo fechado e as obras parecem ser eternas mentiras. Nos arquivos dessa biblioteca eu tenho acesso restrito, não posso vasculhar as memórias boas, pois nem mesmo lembro-me delas... Se é que um dia existiram.

Faz tanto tempo que não me sinto satisfeito, angustiado por dentro e apenas normal por fora.
Ou até então minhas memórias estejam escrito num idioma arcaico, onde ninguém entende nada e tudo o que eu sinto ou falo não significa nada a ninguém. É duro estar no ringue e não ter com quem compartilhar as derrotas, os murros e as pequenas vitórias que são conseguidas através do tempo.

Pessoas a minha volta não significam nada, pois estou me sentindo sozinho. Nenhum golpe que desfiro para mudar a situação surte efeito e estou caído no ringue. A contagem está começando, não sei se tenho forças para levantar... Nem sei mesmo se quero levantar, a plateia foi embora ou está assistindo a outra luta. Solidão é assim mesmo, te derruba várias vezes e quem sente sabe como é impossível se levantar.

Eu estou calado e conformado, até perdi o dom da escrita. É um inferno passear entre palavras e não encontrar alguma que manifeste tudo o que sinto. Essa gaiola enferrujada onde me encontro é o cenário perfeito para me desmotivar. Não tenho mais vontade de nada, o amor está distante até demais e eu não consigo agarrá-lo.  Assim como os projetos de vida que acabam sempre ganhando reticências.  Inviável e impossível.
Estou preocupado, a exigência está ficando maior e bem, devo afirmar... Sou mais exigente que a banca julgadora.

Amanhã o dia será igual, e não me venham falar de forças... Pois eu juro que não tenho.

Igor Gonçalves, o tolo engaiolado.

terça-feira, 1 de março de 2011

Vou lembrar e ficarei OK

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Vou começar a escrever torto
Pois a perfeição perdeu-se no bel da meia noite
E a busca incessante que tenho para se autodesligar
É o controle dos destinatários em que insisto empregar.

Consertando coisas
Consertando a mim mesmo, todo remendado
Uma carcaça velha, toda mal cuidada
Uma agulha presa à linha traçada.

Foi homologado por livre e espontânea vontade
E rabiscado no braço estava todas as palavras
Embora não credite palavras, e sim pessoas.
Traio a mim mesmo emudecendo minhas escolhas.

Distorcido, é assim que estou.
Não posso ser enxergado
Sou o papel rasgado do texto que restou.

Ninguém quis me ler
Meu parágrafo estava mal pontuado
A capa estava solta e manchada
Sinais do sangue frio e calculado.

Quero explanar todas as minhas ideias
Separar positivos e negativos
O lucro indireto e os presumidos
Deixo parado bem longe do pessimismo.

Já está escuro, não consigo dormir.
As ideias borbulham em minha mente
Sem que eu consiga me repetir
E acordo pro mundo e garanto que nunca vou fugir.

Eu não sou o escritor,
O único que possui esse dom é o tempo
Escreve pra mim sempre e me deixa pontuar frases
Interrogações me intrigam
Exclamações me divertem
Negações me entristecem
Pontos finais me envaidecem.

A folha está queimada pelos raios
O livro ainda está molhado pela água da chuva
A tinta da caneta desbotou palavras e criou ações
Misturou letras e feliz, ouvi canções.

Pego um espelho e reflito todos os raios
Quero senti-los
Mas não posso sobreviver a todos... Alguns são fortes demais.

Raios!  O que é que estou dizendo?

Igor Gonçalves