quarta-feira, 23 de abril de 2025

Emily

 




Você ainda nem chegou,

mas já sinto os escombros em mim se moverem,

tentando abrir espaço pra algo novo,

algo que não entendo,

mas que sei que preciso.


Talvez você nunca saiba o quanto me salvou

só por existir.

Porque eu estava afundando,

afogado em mim mesmo,

em dúvidas, cobranças, ruídos que ninguém ouve.

E então… você.


Emily.

Seu nome carrega mais do que sílabas,

carrega um pacto.

Um pedido mudo ao universo

pra que, dessa vez,

as coisas façam sentido.


Não te prometo perfeição,

sou feito de rachaduras,

de noites em claro,

de silêncios que doem.

Mas prometo tentar.

Tentar ser abrigo.

Ser chão.

Ser ponte,

mesmo quando tudo em mim quiser desabar.


E se um dia você ler isso,

e o mundo estiver pesado demais,

quero que saiba:

você chegou quando tudo era confuso,

mas trouxe uma clareza que eu nem sabia precisar.


Você não nasceu do caos.

Você nasceu apesar dele.

E só por isso… já é milagre.


Igor Gonçalves

quarta-feira, 2 de abril de 2025

Se foi meu melhor, por que ainda dói?

 Eu não penso mais naqueles dias,

mas às vezes, sem querer,

eles me atravessam.

Num cheiro, numa música, numa mensagem que não veio.


Disseram que eu era distante.

Talvez fosse.

Mas era o único jeito que eu tinha de não desabar.

De continuar andando mesmo sem direção.


Liguei, ninguém atendeu.

De novo.

E eu sei que ninguém deve nada,

mas no silêncio dos toques não atendidos

parecia que o mundo me lembrava:

você tá só.


Fiz o meu melhor.

Com as ferramentas tortas que eu tinha.

Com os traumas escondidos atrás de um sorriso discreto.

Com os medos que ninguém nunca viu porque eu escondia bem.


Fiz o meu melhor.

Mas às vezes… parece que o meu melhor

era pouco demais pra qualquer um ficar.


E aí me pego nesse presente desbotado,

tentando dar sentido ao passado

e torcendo pra não me perder no processo.


Se um dia alguém me perguntar:

“Você se arrepende?”

Talvez eu diga:

“Não. Mas eu ainda sinto falta… do que eu queria que tivesse sido.”