domingo, 10 de março de 2019

Às vezes me desabafo

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Será o fim se eu não acreditar 
Assim as feras irão me devorar 
O que preciso para sair dessa escuridão? 
Minha mente é um lar vazio, um porão. 

O escuro não vale nada 
Lampejos de esperança iluminam a estrada
Quando não penso para onde ir 
Penso que talvez seria melhor não existir.

No entanto, isso significaria o sofrimento 
Alheio, é claro.
O meu talvez iria se dissipar 
E assim minha alma deixaria de trabalhar.

Me arrasto em fios de humanidade 
Tudo que puxo se solta rapidamente 
O problema sou eu, evidentemente
Um carrasco da própria mentalidade.

Um assassino não confesso 
Um réu inquieto 
Um juiz sem processo 
Um palmo de calma sem afeto.

Isso já está ficando desgastado
Meus pés sentem a morbidez do cerrado 
A escassez do que está errado
É a figura de um céu amaldiçoado.

Por que me sinto em dívida? 
Parece que comprei passagem só de ida 
O destino foi traçado randomicamente 
Escolhas impensadas destroem a gente.

Acontece que eu 
Sou movido ao breu 
Solitariamente incansável 
Busco paz em um oceano instável.

Onde é que saio?
Quando deixarei de lado esse ensaio
Incessante gota que trasborda 
A tônica de uma vida morta.



Igor Gonçalves

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Viver é muito mais do que encontrar conceitos, belas frases. E nesse pequeno discurso cheio de erros de concordância e rimas toscas, tento dizer que o essencial não é visível aos seus olhos