quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Meu eu

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Queria tanto voltar para casa e poder sentir o que eu sempre quis. Às vezes me pego na vontade de viver todos os sentimentos misturados e como em uma descarga de energia poderosa eu deixo de alçar voos aos céus.

Fico aqui chovendo em secas que jamais poderei tocar.

Conflitos perpassam minha mente. Não sou eu ao mesmo tempo em que me tenho. Não controlo, não sou. Não sinto. É o meu pior lado. Me pega sem devaneios, me destrói e vai embora. Ele sempre volta. O que sou eu?

Às vezes eu só preciso pensar. O turbilhão de coisas que surgem é fantástico. Quanto mais penso, mais probabilidades culposas aparecem. É devastador.
Na epiderme de mim mesmo mal me reconheço no espelho, os olhos fundos dão vazão a pensamentos que mal posso controlar. A caneta em minha mente redige poderosas palavras que ao colidir contra o que eu sou, causam explosões de conflitos no âmago do ser.

Vem de longe e ao mesmo tempo parece tão perto... Eu sou o acidente!

Então observo a porta. A mesma porta que parece trancada no fundo d'alma minha. A mesma maldita porta, que toma proporções que não deveria tomar. Por que essa porta é tão grande, em um quarto tão vazio? Nem mesmo minhas angústias cabem nesse quarto, mas por que a porta é tão forte? Com esse ar de insistente, como quem não abre mão de uma obrigação. Alguém que não muda de ideia, ela nunca abre.

Outrora pude perceber que batalhas sangrentas contra um fantasma que deixou de existir e sempre reaparece em minhas mais profundas angústias, são os momentos fatais que a solução misturada ao sentimento da memória revivem intempestivamente no verdadeiro e real significado do romance perdido. Por outro lado, minha porta nunca se fechou... No entanto, nunca se abriu para o mundo.

É como um isolamento automático. Uma defesa que meu próprio ser criou contra as maldades do mundo. Ao mesmo tempo, o que faço é uma automutilação. Sangro, e ninguém vê. Ninguém entende muito menos sente. Eu e meu próprio ser caímos em um abismo intermitente, no qual não há fim. É necessário que eu quebre essa armadura de espinhos. É necessário respirar outros ares, sentir o cheiro e gosto de outras pessoas. Estou me desgastando, como a velha pintura emoldurada em uma parede sem graça. Ninguém ao menos repara, mas ela está lá.

Caio no submundo sem constelações para me guiar e quando menos espero tudo fica escuro cegando-me pelos raios esporádicos que as descargas elétricas causadas pela mistura de emoções me causam.  Pedaços de memórias queimam minha garganta e nem falar consigo, reviver me dói. Juro que jamais quis ir para esse caminho, tampouco ser mais um capitulo mal escrito no seu conto de fadas.

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Viver é muito mais do que encontrar conceitos, belas frases. E nesse pequeno discurso cheio de erros de concordância e rimas toscas, tento dizer que o essencial não é visível aos seus olhos